quarta-feira, outubro 04, 2006

A culpa é das estatísticas...

Digo: quem não sabe usar essa ferramenta poderosa, usa a estatística para o mal.

E bom, como estudante, me sinto indignado como certas pessoas não conseguem entender que é uma ferramenta de previsão, não de resultado. Se o resultado estivesse para a previsão, assim como a previsão está para o resultado, tudo bem, poderiam reclamar seus direitos. E também nem precisaríamos de votar no domingo.

A previsão implica nos fatores que foram observados em um certo tempo, para podermos saber o que acontecerá no futuro. O que ajuda (e muito) na tomada de decisões. Mas para isso, temos que ter amostras, aplicar o modelo estatístico correto para uma certa situação, e finalizar tirando uma conclusão.

E é o que os jornais/televisão não fazem - ou melhor, fazem pela metade. Não sei se é por causa da ignorância de quem pede a pesquisa para os institutos (IBOPE, IPSOS, Datafolha...), ou se é ignorância de quem lê o jornal/vê televisão. Aí, mostram intervalos de confiança, e os leitores/telespectador acham que isso é a pura verdade. Bom, não posso negar, é. A apresentação dos dados é incorreta. O que leva uma interpretação incorreta também. Só que para mostrar um diagrama, onde mostra derrota/empate/vitória de dois candidatos (ou seja lá as variáveis estudadas) é demais. Tanto para quem faz o jornal, tanto para quem lê. "Não faz sentido" uma coisa daquelas.

E em vez de fazer uma explicação mais elaborada, cortam a coisa pela metade, mostram uma meia-verdade e ainda bota a culpa na estatística se algo dá errado. Não é a toa que a estatística é mal vista. Tudo culpa da porcaria desses jornalistas que não sabem lidar com pesquisas! Mas pelo menos sabem fazer reportagens e notícias...

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com você que A MAIORIA das reportagens não usam dados muito confiáveis e deveriam consultar pessoas que entendem do assunto para colocar um dado concreto (digo A MAIORIA porque há alguns casos que as fontes são sérias e sim, usam estatisticos para obter os dados).
Mas não gostei do final do seu texto que diz "pelo menos sabem fazer reportagens e notícias...".
O ato de mecher com números e o ato de mecher com letras não podem ser comparados, pois cada tarefa é executada em lados diferentes do cérebro. Pode ver, normalmente se alguém sabe fazer MUITO BEM um dos dois, não executa com tanta perfeição o outro. Ou seja: mecher com números não é mais importante que escrever. E escrever não é mais importante que mecher com números. São coisas diferentes e ambas importantes.
Mas no geral, gostei da forma que você expôs sua opinião, mesmo que o final tenha estragado o seu texto.
Abraços.

Caquito disse...

A comparação não está em "escrever". Mas na falta de habilidade de divulgar um dado/fato científico. Tome como referência a Super Interessante. Até porque, qualquer um que saiba, escrever, escreve. A diferença, está em COMO escrever. Agora, essa parte de "lados do cérebro" eu não engulo, até porque os maiores poetas do Brasil foram médicos e engenheiros.

É MUITO diferente, divulgar uma notícia e divulgar um dado/fato científico. Notícia vende, ciência não: Super Interessante vende, Scientific American, menos.

Mais uma vez: o problema não está no "escrever". Até porque a produção científica no Brasil está dentre as 10 mais do mundo inteiro. Sendo que a maior parte dessa produção é bio-exatas. E bom, pra fazer isso, a divulgação é feita pelos próprios cientistas, seja ele em forma de periódico, ou de um mestrado, doutorado...

O específico [citado no post]: quem pseudo-entende Estatística, quer prever os jogos pra mega-sena, quer tirar conclusões a partir de dois intervalos de confiança, ver gráficos de barra ou de pizza, comparar e dizer quem ganha, quem perde. E não é muito por aí, é bem mais complexo, como disse no post. E aí, quando a previsão mal divulgada ERRA, caem em cima dos estatísticos ("pô, errou!").

E mexer é com x.